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Comparação na corrida: isso está te ajudando ou atrapalhando?

É comum ouvir por aí:

“Por que fulano evoluiu tão rápido e eu não?”

“Ciclano começou a correr depois de mim e já está correndo mais forte.” 

Ou ainda: “Eu devia estar melhor do que estou.”


Quando a gente percebe, já caiu na armadilha da comparação. E isso pode pesar. Traz frustração, cobrança desnecessária e, em alguns casos, até desânimo.


Cada corredor tem uma história. Algumas pessoas têm um histórico esportivo desde a infância, praticam diferentes modalidades, já desenvolveram força, coordenação e resistência. O corpo guardou essa memória, o que facilita a evolução. Por outro lado, quem passou anos sem se movimentar precisa construir essa base do zero, o que demanda mais tempo e consistência. Isso é fisiologia, não opinião.


Outro ponto que influencia bastante é o estilo de vida. Como anda o sono? A alimentação? A rotina de trabalho é intensa? Tem filhos pequenos? Consegue treinar com frequência? Tudo isso impacta nos resultados. Comparar realidades tão diferentes não faz sentido e, muitas vezes, pode ser injusto contigo mesmo.


A comparação também aparece quando olhamos para o que os outros compartilham. No Instagram, geralmente o que se vê é um recorte positivo: uma foto de chegada, uma conquista, uma superação. Mas ninguém posta o caminho inteiro, os treinos que deram errado, os dias sem motivação, os ajustes no percurso. Aquilo que foi postado provavelmente foi para comemorar ou motivar, não para desafiar ninguém.


No Strava, por mais que os dados estejam visíveis, o contexto continua invisível. Um ritmo mais forte não significa necessariamente uma evolução. Pode ser um treino intervalado, uma prova, um teste, ou uma fase mais intensa do ciclo. Sem saber qual o objetivo daquele treino ou em que ponto do planejamento a pessoa está, qualquer comparação é superficial.


E tem mais: mesmo que dois corredores estejam se preparando para a mesma prova, o planejamento pode e deve ser diferente. O treinador leva em conta o histórico, a frequência, a resposta fisiológica de cada um e, principalmente, o objetivo individual. Enquanto um quer baixar o tempo, outro só quer completar bem. E isso muda tudo: volume, intensidade, carga, descanso. E muitas vezes te afasta do que realmente importa.


Cada pessoa tem um motivo pra estar ali. Pode ser performance, saúde, bem-estar, prazer, equilíbrio mental. Não existe objetivo melhor que o outro. Só são diferentes e merecem o mesmo respeito. 


Estudos em psicologia do esporte mostram que os corredores que mantêm consistência e prazer na corrida a longo prazo são justamente os que focam mais no próprio processo do que no desempenho dos outros. Porque a comparação constante cansa. Drena energia física e mental. E muitas vezes te afasta do que realmente importa. 


Por isso, em vez de olhar para o lado, vale olhar para ti. Como estavas quando começou? O que já mudou? Que fase da vida estás vivendo agora? O que ainda quer conquistar? 


O que realmente faz diferença é seguir no teu ritmo, respeitando o momento, a tua rotina, teu corpo e teus objetivos. E, se for pra olhar pro lado, que seja para se inspirar, sem cobranças. A régua mais honesta é a tua própria evolução. 


A corrida é tua. E é aí que tá a graça.


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