Cadência e pisada: são importantes, mas tanto assim?
- Eduardo Caporal
- 14 de out.
- 2 min de leitura
Há alguns anos, cadência e tipo de pisada eram temas que dominavam as dúvidas dos corredores. Hoje, esses assuntos perderam um pouco de espaço (e isso é ótimo). Ambos têm sua relevância, mas, na prática, não acrescentam muito diante do que realmente importa no treinamento: treinar.
Cadência é simplesmente o número de passos que o corredor dá por minuto. Durante muito tempo, acreditava-se que o ideal era manter 180 passos por minuto, mas essa ideia já ficou ultrapassada. Basta pensar: em um treino leve, o ritmo é um; em um treino forte, é outro. Naturalmente, a frequência das passadas muda de acordo com a intensidade.
Com o avanço dos relógios esportivos, surgiram métricas de todos os tipos: oscilação vertical, horizontal, cadência e tantas outras. É fácil se perder no meio de tantos números e acabar “bitolado” com informações que, no fim, pouco influenciam na performance. A verdade é que a cadência não é uma causa, e sim uma consequência do treino.
Quando o assunto é pisada, a discussão é um pouco mais complexa, mas nem tanto. Existem três tipos principais: pronada (quando o pé cai levemente para dentro), supinada (quando cai para fora) e neutra. A pisada só se torna um problema quando há um desvio exagerado, perceptível a olho nu e que provoca dores: no quadril, joelho, tornozelo ou coluna. Nesses casos, o ideal é buscar orientação e, se necessário, usar uma palmilha personalizada.
Agora, se você gravar um vídeo correndo em câmera lenta, provavelmente vai notar que sua pisada é um pouco pronada ou supinada, e pasmem: está tudo bem. Isso é normal. Inclusive, corredores quenianos e etíopes também apresentam esse padrão, e ninguém duvida da eficiência deles.
Antigamente, lojas vendiam tênis “para pisada pronada” ou “para pisada supinada”, o que hoje sabemos que era puro marketing (disso a gente sabe). Experimente procurar um modelo assim atualmente e dificilmente vai encontrar. Em sua maioria, os tênis são de pisada neutra, mas é claro que sempre deve-se procurar um tênis que não te traga desconfortos e que não agrave o seu tipo de pisada. Se quiser descobrir o seu tipo de pisada, grave sua corrida e observe. Mas, acima de tudo, não se preocupe: isso faz parte da sua individualidade biológica.
Resumo: manter consistência nos treinos e respeitar o volume e o ritmo propostos é muito mais importante do que se prender à cadência ou ao tipo de pisada.



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