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Exercícios educativos: por que a 040 não faz?


Vivemos em um mundo em que, gostando ou não, as redes sociais têm mais influência na opinião das pessoas do que quem realmente vive a prática, como os atletas de alto rendimento e os treinadores experientes. No universo da corrida, isso se traduz em modismos que viralizam, mas nem sempre fazem sentido na prática. E é aí que entra o nosso papel como treinadores de corredores amadores, aqueles que não vivem do esporte, mas que querem evoluir com segurança e constância. Muitas vezes, nosso trabalho é justamente desmistificar conceitos equivocados, como a necessidade de alongar antes e depois da corrida… e, principalmente, a obrigatoriedade dos famosos “exercícios educativos”.


Como alguém que também entende um pouco de marketing (modéstia à parte… ou não?), tenho certeza de que se, nos 8 pontos de treino da 040, a gente pedisse para os treinadores incluírem exercícios educativos em toda sessão, rapidamente passaríamos de 1.000 alunos. Isso porque esse tipo de prática parece algo mais técnico, mais individualizado, com o treinador ali do lado corrigindo os movimentos, o que, à primeira vista, transmite valor.


Mas vamos entender o que são esses exercícios. Uma rápida busca no Google define os educativos como:


"Exercícios coordenativos e posturais que visam simular os movimentos da corrida e melhorar a técnica e eficiência do corredor."


Figura 1 - Hopserlauf
Figura 1 - Hopserlauf

Alguns exemplos comuns incluem skipping, dribbling, anfersen e hopserlauf. Parece técnico, né? Mas a verdade é que, para a grande maioria dos corredores amadores, esses exercícios não trazem nenhuma transferência real para a corrida. É isso mesmo: nenhum ganho direto na sua performance. Pior, na maioria das vezes, os exercícios são feitos de maneira errada. No anfersen, por exemplo, o pé raramente encosta no glúteo como deveria, os braços balançam sem controle, e a execução passa longe do que seria ideal.


Mesmo quando realizados com perfeição, esses exercícios não alteram a mecânica natural do corredor na hora da corrida. Porque no momento em que você for correr… vai correr como você corre. Com a sua biomecânica própria, construída ao longo da sua vida.


Eis que chegamos ao ponto central: cada corredor tem uma biomecânica única. Interferir nela sem necessidade pode, inclusive, aumentar o risco de lesões. O corpo molda sua forma de correr desde a infância, e tentar “corrigir” isso com exercícios posturais forçados pode ser mais prejudicial do que benéfico. Sim, você pode ver velocistas fazendo educativos, mas são exercícios muito específicos para a realidade deles. Para fundistas e amadores, o cenário é outro. Claro, temos diferentes formas de realizar um ajuste biomecânico, vamos lá: treinamento de força, mobilidades, retas de velocidade e, o principal, experiência com a corrida. Quanto mais treinar, mais experiente fica, com isso, cada dia que passa melhoramos a biomecânica. Já repararam que temos treinos de tiro quase toda semana, correr forte faz com que nossa mecânica seja diferente de quando corremos leve, com isso já treinamos e melhoramos ela, além disso, antes dos treinos fortes temos mobilidades e retas coordenadas.


Se você não está evoluindo na corrida, o problema provavelmente não está na sua técnica. Está na falta de consistência, no sono ruim, na alimentação desregulada ou na ausência de um treino de força adequado. Esses são os pilares. Não crie fragilidades onde elas não existem.

Na 040, a gente prefere investir nosso tempo e energia no que realmente gera resultado: planejamento individualizado, treino de força, consistência e orientação técnica com base em evidências. E não em conteúdo viral.

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