Corridas de Trilha X Corridas de Rua, quais as diferenças?

O Trail Running ou Corrida em trilha, é uma modalidade na corrida em que você foge do simples, do asfalto, dos terrenos regulares, planos e controlados. Aqui estamos falando de praticar em meio a natureza, desfrutar de terrenos que podem ser de terra, pedras, água (sejam rios ou cachoeiras), terrenos montanhosos, subidas e descidas.

Correr na rua e correr em trilha são atividades bem diferentes, embora ambas sejam formas de corrida. Cada uma tem características específicas que afetam o desempenho, o risco de lesões, o impacto no corpo e até o prazer da prática:

Previsibilidade

A rua é mais previsível, possui menos obstáculos e mudanças de terreno, porém mais poluição, ruídos e até trânsito; a trilha exige mais atenção e foco, porém o contato com a natureza é mentalmente estimulante, reduz a monotonia, reduz o estresse, as paisagens são mais bonitas e causam a sensação de liberdade;

Lesões

Apesar de correr na rua possuir menos obstáculos, o terreno é mais duro e pode sobrecarregar as articulações, com maior risco de lesões por repetição; na trilha, apesar do risco de quedas e torções, grande parte do terreno é mais macio (terra, grama), que reduz esse impacto em relação ao asfalto;

Acessibilidade

A rua ou asfalto é mais acessível, maior facilidade de encontrar locais para correr; na trilha precisará se deslocar até as trilhas ou áreas verdes;

Equipamentos

Enquanto correr no asfalto não exige grandes equipamentos, a corrida em trilha é recomendado uso de tênis específicos, com grip - ‘garras’ - é um termo utilizado para descrever a capacidade de um calçado de proporcionar tração e estabilidade ao caminhar ou correr em diferentes superfícies, diferentes dos tênis utilizados na rua. Equipamentos auxiliares como bastões também ajudam na movimentação e na tração ao longo do percurso.

Ritmo

Enquanto que na rua trabalhamos basicamente com superfícies regulares, o ritmo se torna mais previsível e controlado - que auxilia a manter um ritmo mais constante e um maior desempenho; na trilha é mais difícil manter um pace (ritmo), graças a variabilidade do terreno. Por outro lado, auxilia no ganho de força - subidas, descidas, raízes, pedras – o corpo trabalha mais músculos, inclusive os estabilizadores;

Quando falamos de corrida em trilha, não falamos só em quilômetros, falamos também em tempo de movimento ou tempo de exposição. Um trajeto de trilha de 15km, por exemplo, pode levar de 1 a 4 horas, dependendo da dificuldade do trajeto. E isso pode modificar completamente a organização, tanto para hidratação, suplementação. Um mesmo trajeto de trilha, pode ser tornar um desafio completamente diferente se executado no sentido inverso, num dia de chuva ou de calor. 

Provas de trilhas

E quando falamos em provas de corrida em trilhas, o principal objetivo é a autossuficiência, a hidratação é sempre realizada em recipiente próprio, que não pode ser descartado ao longo do percurso, e a reposição será realizada neste recipiente. Assim como embalagens de alimentos ou suplementos, tudo aquilo que sair com você, deverá retornar com você, existe um cuidado maior com o que pode ficar na natureza sem a destinação correta.

Algumas provas (mais longas), ainda exigem equipamentos obrigatórios no momento da largada e os atletas passam por uma checagem para conferência: uma quantidade mínima de água (que acaba exigindo o uso de mochila de hidratação), apitos, mantas térmicas, casacos tipo corta vento, lanternas, capacetes, e até mediações como anti-histamínicos.

Preparação:

E como me preparo para correr trilha, morando na cidade? Caso não seja possível treinar em trilhas, há alternativas que auxiliam a fortalecer e lidar com as subidas, descidas e estabilidade:

• Treino de força - com exercícios bilaterais e unilaterais

• Treinos de mobilidade, pliometria e estabilidade

• Treino em ruas inclinadas

• Escadarias

• Esteira com inclinação

• Terrenos irregulares - grama, terra, areia

• Corridas com variações de ritmos

A primeira coisa é começar devagar, em distâncias menores, e ir se adaptando à nova modalidade, ganhando experiência para se aventurar em distâncias maiores. E num segundo momento busque mais informações do percurso, do local, da elevação e possíveis obstáculos.